Já está nas mãos do Secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, a portaria que deve ser publicada no Diário Oficial, neste sábado (05), que instaura processo administrativo disciplinar contra os três policiais civis acusados de promover sessões de tortura ao estudante Diego Pereira Cruz, de 19 anos, no dia 10 de janeiro deste ano, em Petrolina. As agressões ocorreram enquanto o jovem estava na delegacia, pouco antes de ser preso injustamente, por 39 dias, por um crime que não cometeu.
A vítima e o amigo, José Alex Soares da Silva, 19, foram confundidos com assaltantes de um posto de gasolina e acabaram espancados pelas supostas vítimas. O crime resultou na morte de José Alex e os dois agentes, Eduardo Madureira e Julio Marcos, e a escrivã Indira Ribeiro, que deveriam ajudá-los, acabaram somando mais traumas a Diego Cruz, através de tortura que incluiu espancamento e afogamento em um vaso sanitário.
A portaria a ser publicada foi concebida pela Corregedoria da SDS, que investigou o caso a partir dos inquéritos concluídos pela polícia civil. De acordo com o Corregedor Geral em exercício, Cândido Ferraz, a partir o momento em que o conteúdo torne-se público, serã instaurada uma comissão disciplinar e o processo deve durar cerca de três meses. "Também recomendamos que os policiais fossem afastados de suas funções enquanto a questão estiver tramitando. Caso a resposabilidade pelo crime seja comprovada, é possível que os três sejam excluidos da corporação", afirma.
Na noite desta quarta-feira (02), uma equipe do Instituto de Criminalística e da 1ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), liderada pela perita Vanja Coelho, realizou a reconstituição do crime cometido no Posto Paizão, localizado na BR-408, em Petrolina. O estudante que sobreviveu à investida, Diego Cruz, participou da remontagem junto ao primo da vítima fatal José Alex, identificado apenas como ‘Rafael‘. A encenação teve início às 19h e durou cerca de 90 minutos. "Eu parei no tempo por um minuto. Foi angustiante e parecia muito real. Era como se tudo estive acontecendo novamente", lembra Diego.
Toda a ação foi assistida pelo advogado do bombeiro militar da Bahia já detido, Gracenildo Rodrigues, que foi intimado, mas não compareceu à reconstituição e pelo promotor que está à frente do caso, Lauriney Lopes. "As conclusões só poderão ser tiradas após o recebimento do laudo, mas ficou claro que as testemunhas tinham capacidade de observar todos os envolvidos. Dessa forma será possível determinar o grau de culpabilidade de cada um dos acusados", afirma Lopes. De acordo com o magistrado, a remontagem também serviu para verificar a participação de um adolescente de 17 anos, que, até o momento, não respondia pelo crime. "O promotor Gustavo Tourinho, da Vara da Infância e Juventude deve representar contra o jovem, que participou ativamente do crime. Dessa forma, o jovem pode responder por uma restrição de conduta que pode chegar a um máximo de três anos", explica.
O laudo definitivo do IC deve ser concluído e remetido à Justiça dentro de um prazo de 20 dias. Apenas após a entrega, será realizada a segunda audiência dos crimes de homicídio e tentativa de homicídio, que apura os crimes cometidos pela dona do posto assaltado, o Umburuçu, Maria Claudenice da Silva e seus três funcionários, Nilton César Ribeiro, Eliomar do Nascimento Lopes e Adriano Roberto da Silva, além do bombeiro Gracenildo.
Crime - Os dois amigos voltavam de um jogo de futebol, quando pararam no posto de gasolina Paizão, às margens da BR-408, para abastecer a motocicleta em que trafegavam, quando foram acusados, aos gritos, por Maria Claudenice. O posto de combustíveis dela, o Umburuçu, havia sido assaltado por dois homens em uma moto, minutos antes e ela atribui a eles o crime. Os jovens foram espancados pelos funcionários de Claudenice, pelo bombeiro Gracenildo e pelo sobrinho dele, que também haviam sido vítimas durante o roubo. José Alex morreu três dias depois no hospital e Diego Cruz, teria sido espancado por policiais na delegacia antes de passar 39 dias preso. O caso ganhou repercussão no especial Vítimas da Injustiça, do Diariodepernambuco.com.br, publicado no dia 23 de março deste ano. Três dias depois, os jovens foram julgados e inocentados.
Por Ed Wanderley, da redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
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