Os rumos do comando da pasta de Defesa Social no estado devem ser decididos hoje. Em meio a uma crise instalada entre o comandante da Polícia Militar, coronel José Lopes, e seu superior hierárquico, o secretário de Defesa Social, Servilho Paiva, apenas um dos dois deverá ser mantido no cargo. A decisão, que mexe com as estruturas de uma das secretarias que mais vem dando certo no atual governo, agora está nas mãos do governador Eduardo Campos.
Ontem, Servilho preferiu silenciar sobre o assunto, mas sabe-se que ele teria entregue o cargo ao vice-governador, João Lyra, no último dia 5, quando deixou claro que não havia condições dos dois continuarem trabalhando juntos. Comenta-se nos bastidores que o secretário esperaria a decisão do Palácio até hoje. Inclusive, esse seria o motivo dele estar trabalhando com roupas mais casuais, sem o tradicional paletó exigido pela função. Também há informações de que ele teria levado já parte de seus pertences.
A crise entre o secretário e o comandante começou no final de março durante as negociações salariais das polícias Militar e Civil. Chamado pelo governador, Servilho Paiva foi comunicado sobre o percentual de aumento que seria oferecido às duas polícias. Dias depois, foi surpreendido por um encontro entre José Lopes, coronéis e o governo do estado que tinha o objetivo de discutir o reajuste. A partir daí, instalou-se o mal-estar, já que Servilho não foi envolvido no segundo processo de negociação e terminou no papel de "mau", na avaliação que ele fez junto a pessoas próximas. Durante o movimento da PM, alguns chegaram a gritar: "Fora, Servilho!". Claramente desapontado com a falta de respeito à hierarquia, Servilho não foi sequer à uma reunião convocada no último sábado no palácio.
Se de um lado Servilho cala, José Lopes também não vem atendendo às ligações da imprensa. No palácio, a informação da saída de um dos dois também não é confirmada. Nos bastidores, fala-se que Servilho espera uma comunicação oficial do governador até hoje para confirmar ou não sua continuidade no cargo de secretário. "Se ele fica, eu saio". Essa é a postura de Servilho. A decisão do governador é difícil por conta dos índices de redução de violência obtidos sob a gestão do secretário. Ao mesmo tempo, José Lopes tem a seu favor o controle da tropa diante de uma ameaça de greve e um consequente desgaste para o governo em um ano eleitoral.
Conciliador - O coronel José Lopes de Souza tomou posse no cargo em junho de 2008 em substituição ao coronel Iturbison Agostinho dos Santos. Na posse, Servilho Paiva teceu elogios ao colega e chegou a dizer: "O coronel José Lopes é uma pessoa comprometida com a instituição e vai prestar um importante serviço à PM". Antes de se tornar comandante da tropa, Lopes estava na função de diretor geral de operações da PM. Também foi comandante do 1º Batalhão da PM e do Policiamento da Capital.
Chegou a ser agraciado com a medalha pernambucana do mérito policial e medalha de prata da PM. Lopes, que é natural de Limoeiro, também esteve à frente da coordenação estadual do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência. O coronel é formado em administração de empresas e bacharel em direito. Do ponto de vista da tropa, ele é considerado um homem conciliador, pacífico e que tem como meta aproximar os policiais da comunidade, quebrando o preconceito que ainda há entre a população. Em sua gestão criou o Programa Polícia Amiga que leva os policiais a manterem uma proximidade com as pessoas das localidades onde atuam, bem como executarem programas sociais nos bairros.
O policial federal Servilho Paiva tomou posse em setembro de 2007. Na época, ele ocupava a secretaria-executiva da pasta e foi promovido diante da saída do secretário Romero Menezes, convidado para assumir a Diretoria Geral de Operações da Polícia Federal, em Brasília. Cearense, Servilho entrou na PF no final da década de 1970, como agente, quando veio para Pernambuco. Cursou direito na Universidade Católica de Pernambuco e formou-se no final da década de 1980. Na década de 1990, prestou concurso para o cargo de delegado da PF e passou. Na instituição ficou conhecido como um policial operacional e especializado em investigações envolvendo o crime organizado. No governo, é considerado um dos secretários mais respeitados, além de ser apontado pelo bom desempenho em uma das pastas mais pesadas.
Do Diario de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário